segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Um Final Feliz

    Durante muito tempo não quis cantar vitória. Dois anos. Pelo menos. Não podia. Continuo com receio de o fazer; como todos nós, calculo. É demasiado o medo de mais um susto, mais um contratempo.
    Parece ter passado uma eternidade e, ao mesmo tempo, parece que este pesadelo começou apenas na semana passada. Ao longo deste tempo todo a minha avó mostrou uma garra e um amor à vida como não só nunca vi em mais ninguém como duvido que a maior parte das pessoas possua. Em tempos críticos, quando nós achávamos que já não aguentávamos mais sobressaltos, a minha avó mantinha a cabeça erguida e a firmeza de quem sabe o que quer e não desiste de arriscar, contentando-se com um semi-final, semi-feliz. E, no entanto, fiquei hoje a saber que também foi ela quem deu o alerta; foi ela quem pela primeira vez disse: Ajudem-me; sinto que vou morrer.
    Aparentemente tivémos o nosso final feliz. Todos nós. A minha avó mantém-se  connosco e atrevo-me a dizer que igual a si própria e a tudo o que sempre foi antes de ter estado às portas da morte. Continua linda, vaidosa, feliz e tagarela. O seu próprio corpo recompensou-a, resconstruindo-se de maneira absolutamente extraordinária que até os médicos deixou surpresos. Sobreviveu ao que muitos não sobreviveriam, com um sorriso nos lábios e sem rancores ou raiva para com quem a colocou nesta situação. Acima de tudo, e talvez o mais surpreendente, pois tinha todos os motivos para isso, sem uma palavra de autocomiseração.
    Não podia ter mais orgulho nela nem estar mais feliz por este desfecho, por este milagre da vida que ela é e pelo privilégio de ser neta dela!
   Procura a Maravilha <3 br="br">