sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Parte II

Alugava, por um preço incrivelmente baixo, aquele quarto numa espécie de quinta, bem o interior do Alentejo. A casa funcionava como um turismo de habitação, quarto com casa de banho, piscina, equitação e pequeno almoço incluídos. Permitidos animais.

O cheiro de pão quente vinha do forno a lenha que havia no recinto e uma velhinha enrugada - provavelmente familiar da responsável que me acolhera - dispunha as coisas do pequeno almoço numa mesinha de madeira rústica, coberta por uma tenda de lona que fornecia uma já necessária sombra.

Um "Bom Dia!" sorridente e dirigi-me para a zona da piscina. Havia cadeiras longas espalhadas mas eu queria sentir de perto todas as sensações, incluindo as providenciadas pela relva. Estiquei o pareo na erva grossa e sentei-me, começando a sessão de creme protector. A relva estava seca mas sentia-se ainda um ligeiro cheiro a terra molhada, provavelmente devido à rega matutina. A água da piscina resplandecia, reflectindo, em minúsculas ondulações, o sol que ia subindo no céu. Estendi-me ao longo do pareo sentindo a relva picar-me as costas e as coxas, como se mantivesse, entre ela e a minha pele, um contacto directo.

Deixei-me ficar assim deitada uns momentos, sentindo a relva nas costas e o sol no ventre, inspirando longamente o ar repleto de pão quente e terra húmida. Ouvia-se o restolhar das folhas e a galhofa dos pássaros, nos ramos das árvores, e eu só queria que aquela paz se entranhasse em mim.

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