quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Parte III

- Desculpe, querida, bom dia! - era a responsável da quinta. Balbuciei um cumprimento desajeitado enquanto procurava sentar-me para fitar a minha interlocutora. - Temos ali tudo posto para o pequeno-almoço. É tudo caseiro, desde o pão às compotas. Não quer experimentar?

De facto, a perspectiva de uma carcaça acabada de cozer, com uma colher de manteiga a derreter abria-me o apetite, já quando vinha a descer para o exterior.

Levantei-me com um sorriso e dirigi-me para uma mesa à sombra, no alpendre. A minha senhoria ofereceu-me café e, enquanto o servia, eu fui em busca do meu pãozinho com manteiga, à mesa de madeira coberta com lona.

Saboreei sem presas o pequeno repasto, toda eu sorrisos e calma, uma dentada de cada vez, intervalada com um gole do café forte, feito instantes antes.

Agradeci novamente a hospitalidade e voltei para o meu pareo e a minha relva penetrante, mas fiquei apenas sentada uns segundos antes de me decidir experimentar a água da piscina.

Estava fria, e senti o meu corpo debater-se entre o agradável calafrio que me percorreu a espinha, contrastando com o calor opressor que se impunha, e o contrair dos pés perante a calidez inesperada. E enquanto processava esta informação, o corpo habituou-se à temperatura e foi com um suspiro prazenteiro que me atirei para a frente, mergulhando de cabeça e sentindo-me leve no meio de toda aquela água.

Aflorei à superfície, sorrindo continuamente. Já me havia esquecido do prazer de sermos abraçados por todas aquelas ínfimas gotas que nos tornam leve o corpo e o espírito e nadar, e perufurar a água, mexendo-me, cansando-me e adorando simplesmente sentir-me tão livre!

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