sábado, 4 de setembro de 2010

Parte VI

Foi nesta altura que uma das cenas mais estranhas que me fizeram se deu.

No final da refeição, após pedir um café, fui rapidamente ao cubículo que servia de casa de banho. Quando voltei para a mesa, um empregado estava a servir-me o café e, ao lado, deixou um papel. Ao abri-lo, li um nome masculino sobre um número de telemóvel. De testa franzida, ergui o olhar para o balcão em busca de uma resposta. O homem que me parecia o responsável do estabelecimento sorriu-me e, ao ver o meu olhar inquiridor, esfregou as mãos num pano e começou a caminhar para mim. Aquilo não era, de todo, o que eu tinha em mente para aquelas férias. Só queria um pouco de espaço e tempo para mim mesma. Mas, se esperava algum tipo de declaração daquele homem semi-careca e com os dentes tortos, mais surpreendida fiquei quando, ao alcançar-me, proferiu:

- Aquele rapaz que estava a repor o buffet achou-a muito bonita mas é envergonhado. Podia dizer-lhe qualquer coisinha, sim?

Completamente atónita, apenas me ocorreu perguntar:

- Mas foi ele quem deu o número?

- Bem, como disse, ele é envergonhado. Precisa de um empurrãozinho…

Lancei um dos meus mais amarelos sorrisos e pedi a conta. Assim que a minha dívida ficou saldada, segui o meu caminho, com a estranha sensação de ter revisitado os tempos de escola primária.

Peguei na bicicleta e voltei para a quinta. Passei lá a tarde que, ainda nublada, estava agora quente, refrescando-me na piscina.

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