sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Família

Para mim, a família constitui um elo alargado entre pessoas e um importante sistema de suporte. Para quem cresce no seio de uma família grande, feliz, ruidosa e compreensiva, esta torna-se o pilar de apoio a todas a vicissitudes que a vida decidir imputar. É quem torce por nós nas corridas que empreendemos, quem se alegra com as nossa vitórias e nos apoia nas derrotas; é quem tem sempre uma palavra amiga para confortar, ou um olhar sério para repreender. Acima de tudo, é quem nos ajuda a perspectivar os nossos problemas e dúvidas, e nos orienta nos bons e maus caminhos que tomamos.

Mas o que acontece a esta rede de apoio se, subitamente, as malhas são rasgadas? Como aliviar um peso que a vida decide distribuir igualmente por todos os ombros, sem, no entanto, assegurar com isto algum alívio? Como recorrer ao nosso mais importante apoio quando estamos todos tão cegos com a nossa dor que não conseguimos ver a de todos os outros que nos rodeiam?

Se o nosso mecanismo falha, como podemos erguer-nos o suficiente para retomar a malha? Como podemos fazer ver aquilo que, provavelmente, nem nós vemos? Como podemos apoiar e confortar, se não temos quem nos apoie e conforte a nós?

E, se cada um lida à sua maneira com a dor, como poderá compreender que não é a forma como a exterioriza que define a sua intensidade... Assusta-me que, nos momentos em que mais se torna necessária a entreajuda, sejam aqueles que nos tornam mais egoístas e cegos...

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